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Barbie: Uma desconstrução necessária

No universo cor-de-rosa e aparentemente perfeito da Barbie, onde ela tem aquele clássico estereótipo criado: loira, magra, alta e sempre impecavelmente arrumada - o filme "Barbie” dirigido por Greta Gerwig, super me surpreendeu ao fazer uma crítica extremamente inteligente ao ícone que acompanhou muitas gerações. Já assistiu? Recomendo :)


Confesso que fui assistir quando comecei a ver críticas, principalmente dos conservadores, de que o filme era “extremamente feminista”, "Acabou com a nostalgia e sonho da infância”, "O filme esquece seu público principal de famílias e crianças” e blá blá blá. O que será que essas pessoas esperavam? Que sonho de infância seria esse? E onde entram os mais variados e infinitos sonhos das mulheres?

O filme deveria ser um “brincar de se vestir", "brincar de casinha"? Ah por favor. Não vejo nenhuma outra abordagem mais precisa do que a do filme! Foi impecável!


O filme circula habilmente entre o mundo real e o mundo imaginário da Barbie, subvertendo a lógica em ambos e nos convidando a refletir justamente pelo choque de realidade!


É muito mais do que apenas um filme fantasioso de um brinquedo de plástico, é uma voz poderosa que confronta questões complexas. O filme aborda a pressão estética imposta às mulheres, questiona os padrões de beleza estereotipados e irreais que foram perpetuados e empurrados para nós ao longo da vida toda. Ou vocês acham que todas as crianças naturalmente acham a Barbie loira e magra bonita? Elas aprenderam isso!


Tem um humor inteligentíssimo, muitas (e belas) alfinetadas, é irreverente, nostálgico, divertido e forte. Eu poderia ficar escrevendo por horas todas as camadas e interpretações que tive com o filme, como por exemplo, a predominância masculina na liderança dos cargos e empresas, o patriarcado, a objetificação, etc.

A diretora não se esquivou de discutir todas essas temáticas relevantes, mesmo tendo a Mattel por trás e, ao mesmo tempo, enviou uma mensagem positiva sobre o papel masculino, convidando-os a entender e respeitar a individualidade, os limites e as aspirações das mulheres.


O mundo real ali mostra como muitas vezes os homens normalizam situações como as de mulheres expostas à violência e ao descrédito apenas por serem mulheres! O Ken traz várias falas carregadas de simulações do que vemos na sociedade, é bizarro e chega a doer, porque nós mulheres, nos vemos nisso quase que diariamente!


Greta Gerwig, corajosamente, também desconstrói o romance “Barbie e Ken” ou a “típica família” idealizada, a mulher como reprodutora e que existe somente para esse fim. E traz lindamente a diversidade e representatividade. Sério, incrível!

Como eu queria que isso existisse quando eu brincava de Barbie, na minha infância.


É uma super desconstrução necessária, e a parte mais linda para mim é o momento em que as mulheres tomam consciência de seus lugares, suas vidas, seus corpos em relação ao olhar do outro (um olhar que muitas vezes diminui, humilha e objetifica). E elas vão aos poucos se fortalecendo e param de duvidar e invalidar suas qualidades e capacidades. Essa união é um instrumento poderoso para promover discussões e diálogos para romper com o silêncio e conformismo!


Este filme, que NÃO é para crianças, é uma experiência que traz esperança e a busca por um mundo mais igualitário, justo e com menos expectativas e cobranças para nós mulheres.

É uma produção que alimenta tanto o entretenimento quanto o pensamento crítico, incentivando a quebra dessas pequenas caixas sufocantes e a luta contra os comportamentos que inferiorizam e diminuem as mulheres.

É uma ressignificação da Barbie que você conheceu na sua infância e é sim, na minha visão, uma baita evolução da sociedade, pois as mulheres precisam ocupar seus espaços urgentemente!


Mulheres não são Barbies estereotipadas. Mulheres são o que quiserem ser!



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